quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Helipontos partem para fretamento e vendas


Frota nacional é de 1288 helicópteros e deve crescer em 2010




Dois centros de serviços de helicópteros, o Helicentro, um dos mais antigos de São Paulo, fundado em 1994, e o Helipark, inaugurado em 2002, planejam mudar seu perfil. Atualmente focados em manutenção e hangaragem (estacionamento), que respondem por quase 100% de suas receitas, agora se preparam para vender e operar helicópteros. As perspectivas do setor, também animam companhias de maior porte, como a Líder Aviação, que está investindo US$ 110 milhões até o final de 2010 para ampliar a frota que atende a indústria do petróleo.

Estimativa do Sindicato Nacional das Empresas de Táxi Aéreo (Sneta) indica que apenas o mercado de fretamento de helicópteros deverá crescer 8% em 2010. Seu faturamento anual é de cerca de R$ 700 milhões só no atendimento a plataformas marítimas de exploração e produção de petróleo.
“Há uma tendência de crescimento no fretamento para a indústria do petróleo, assim como no mercado corporativo”, afirma o superintendente do Sneta, Fernando Alberto dos Santos, que já vinha observando a migração de helipontos para as atividades de venda e fretamento de helicópteros.
O Helicentro quer crescer vendendo helicópteros da americana MD Helicopters, cujos primeiros modelos foram desenvolvidos pelo aviador e polêmico empresário Howard Hughes, fundador daquela que já foi uma das maiores companhias aéreas americanas, a TWA.
A MD Helicopters foi fundada em 1955. Em 1984, ainda com o nome de seu fundador, Hughes, a empresa foi comprada pela MCDonell Douglas, que posteriormente foi incorporada pela Boeing. Atualmente, aMD pertence ao grupo Patriarch Partners.
O Helicentro concorre para ser o fornecedor de um helicóptero para o governo paulista, com um equipamento que a americana Boeing desenvolveu e garante ser mais silencioso do que a média. A abertura dos envelopes será no dia 8 de dezembro e a aeronave deverá ser utilizada para operações de socorro médico, entre outras.
A redução de ruído e menor vibração da aeronave é possível por meio de um sistema batizado como Notar, que eliminou o rotor da cauda. Essa parte do helicóptero é a que gera o maior ruído, “mais agudo e estridente”, conta o gerente do Helicentro, Roberto Zuccolo, de 25 anos, filho do fundador da empresa, Ricardo Zuccolo.
A cidade de São Paulo tem 223 helipontos privados e um público, informa a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac). No Estado são 508 helipontos. Só na Avenida Paulista são 10 unidades. Na Avenida Brigadeiro Faria Lima, outros 14. Em 2009, a Anac informa que não homologou nenhum novo heliponto, pois desde fevereiro a decisão de novos locais depende apenas da Prefeitura.
O Helipark tem outra estratégia para diversificar seus negócios. Vai investir até US$ 12 milhões para trazer até junho de 2010 um helicóptero russo com capacidade de içar cargas de até 5 toneladas e transportar funcionários para plataformas marítimas de petróleo.
Como a autonomia de voo da aeronave é de até 900 quilômetros, o helicóptero pode fazer a viagem de ida e volta sem reabastecer. O fundador do Helipark, João Velloso, conta que está investindo R$ 8 milhões para mais que dobrar sua capacidade atual de hangaragem de 35 helicópteros para 75, com a construção de um terceiro hangar.
“O meu limite de investimento é o mercado que vai ditar”, afirma Velloso. De acordo com ele, há possibilidade de aquisição de até quatro helicópteros fabricados pela Russian Helicopters, cada um com capacidade para 18 passageiros.
A Líder Aviação está investindo neste ano US$ 50 milhões para comprar cinco helicópteros, conta o diretor-presidente da empresa, Eduardo Vaz. São aeronaves da Sikorsky, dos Estados Unidos, sendo uma com capacidade para 18 passageiros e as demais para 12 pessoas. Em 2010, o plano da Líder é aplicar US$ 60 milhões para comprar seis helicópteros. A frota atual é de 52. O foco da empresa é atender a demanda da indústria de petróleo. Atualmente, 50% do faturamento da Líder é de fretamento de helicópteros e a outra metade, da venda de aviões da Hawker. “Não temos foco numa área só. Sempre queremos ser a maior em todas as áreas que atuamos”, diz Vaz.
Fonte: Jornal Valor Econômico, 19/11/2009