quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Manutenção de jatos cresce, mas há gargalo






Falta de espaço em aeroportos congela projetos de três companhias, que somam quase R$ 70 milhões
Alberto Komatsu | De São Paulo
Planos de expansão das empresas que fazem manutenção de jatos executivos e aviões de pequeno porte estão em compasso de espera por causa da falta de espaço nos principais aeroportos do país. Líder Aviação, Oceanair Táxi Aéreo e TAM Aviação Executiva poderiam aplicar em conjunto quase R$ 70 milhões para pelo menos dobrar de capacidade. Isso porque elas têm visto a demanda por reparos crescer até 20% por ano.
O mercado de manutenção está tão aquecido que a TAM Linhas Aéreas, antes da união com o grupo chileno LAN, negociava uma fusão com as maiores do mundo na área de manutenção. A ideia é criar uma empresa independente, mas o surgimento da Latam colocou o plano em banho maria. A Gol também enxerga potencial nesse negócio e pretende oferecer reparos para aviões de outras companhias aéreas, pois só repara sua própria frota. (Ver texto abaixo)
Tanto as empresas de táxi aéreo e revenda de aeronaves, como as de voos regulares de passageiros projetam que a manutenção tem potencial para aumentar sua colaboração na receita. Só a soma do que já foi desembolsado pelas companhias que fazem manutenção de jatos executivos alcança R$ 230 milhões. Juntas, a TAM Linhas Aéreas e a Gol já aplicaram quase R$ 300 milhões em seus centros de manutenção.
As empresas de aviação executiva reclamam da escassez de áreas para ampliar suas bases de manutenção, que têm de estar em aeroportos para o recebimento e entrega da aeronave reparada. "Hoje enfrentamos uma grande dificuldade que é a falta de espaço nos aeroportos", afirma a superintendente da Líder, Júnia Hermont.
A Líder investiu o equivalente a R$ 183 milhões para ter sua atual estrutura de reparos em aeronaves, setor que responde por 10% do seu faturamento. A companhia quer dobrar sua capacidade atual de reparos mensais em 45 aeronaves (jatos e helicópteros) para 90 unidades, com investimento de R$ 51 milhões.
A empresa tem bases de manutenção em São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte e Brasília. A Líder faz fretamento de jatos e helicópteros e venda de aviões da Hawker Beechcraft Corporation.
A Oceanair Táxi Aéreo, representante dos jatos da Bombardier, investiu R$ 34 milhões para ter sua estrutura de manutenção nos aeroportos de Congonhas e de Sorocaba (SP). O diretor comercial da empresa, José Eduardo Brandão, estima que seriam necessários mais R$ 8,5 milhões para expandir a capacidade atual, de 40 aeronaves reparadas por mês. "Os aeroportos estão sobrecarregados. Por isso, não conseguimos crescer em manutenção", diz Brandão.
A TAM Aviação Executiva, que não faz parte da Latam, planeja um investimento de R$ 7,5 milhões em um centro de manutenção em Belo Horizonte, no Aeroporto da Pampulha, mas a área ainda está sendo negociada. A companhia já desembolsou R$ 15 milhões na base de Jundiaí, no interior paulista.
O presidente da TAM Aviação Executiva, Fernando Pinho, conta que a área de manutenção é a que mais cresce, em comparação com os fretamentos de voos e vendas de jatos da Cessna e dos helicópteros da Bell.

TAM desenha modelo e Gol quer vender o serviço
Alberto Komatsu/São Paulo
A TAM Linhas Aéreas estima que a manutenção de aeronaves para terceiras companhias tem potencial para representar até 25% do faturamento. A fatia atual é de 13%. No entanto, essa meta só será alcançada quando a área de reparos de aviões se tornar independente e fizer uma fusão ou associação com uma grande empresa desse setor. A execução desse plano, ou não, só será definida após a criação definitiva da Latam, prevista para meados de 2011.
O vice-presidente de manutenção da TAM, Ruy Amparo, informou que antes de ser anunciada a fusão com a chilena LAN no início de setembro, a TAM já conversava com algumas das maiores companhias do mundo na área de manutenção - empresas do porte da alemã Lufthansa e da portuguesa TAP. "Essa plano não foi abortado. Ele estava preparado para decolar e também havia conversas para uma parceria estratégica, mas com a criação da Latam não podemos fazer um 'spin off'", diz Amparo. A TAM já investiu R$ 200 milhões no centro de manutenção em São Carlos, interior de São Paulo.
O diretor de manutenção da Gol Linhas Aéreas, Alberto Castro Correnti, revela que a companhia quer fazer a manutenção para outras empresas aéreas que operem aviões da Boeing, modelos 737 e 767. "Nossa intenção é obter a homologação internacional", diz Correnti. Com esse documento, a Gol poderá oferecer reparos em aviões com matrícula estrangeira.
A TAM está criando uma espécie de condomínio tecnológico em São Carlos. A empresa já atraiu dois fornecedores para o local e tem 22 lotes, de 18 mil metros quadrados cada, para abrigar empresas. Segundo Amparo, elas não precisam ser necessariamente fornecedoras da TAM, mas têm de atuar no segmento aéreo.
A Goodrich Corporation, fornecedora de sistemas e serviços para os mercados aeroespacial, de segurança nacional e de defesa, e a Bella Air, especializada em higienização de capas dos assentos, são as duas fornecedores da TAM que já estão em São Carlos.
A Gol também quer estimular a criação de um polo similar em Confins (MG). A empresa inaugurou sua unidade de manutenção em outubro de 2006, após investimento de R$ 30,5 milhões. Outros R$ 60,5 milhões foram aplicados por lá. Desde então, a companhia só faz a manutenção de suas próprias aeronaves, 108 no total.
"Em parceria com o governo de Minas Gerais, estamos buscando desenvolver um polo industrial", afirma Correnti.
Fonte: Valor Econômico

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